Cervantes pretendeu, assim como já afirmou um dia, "destruir a autoridade descabida que exercem -exerciam naquela época- os romances de cavalaria", sendo, assim, o último diálogo de Alonso (antes de sua morte) a representação do que seria a salvação finalizada da sociedade, com o fidalgo afirmando a sua ignorância causada pela contínua leitura dos "detestáveis livro de cavalaria". As novelas de cavalaria eram caracterizadas pelas aventuras fantásticas de cavaleiros lendários e corajosos, unidos a seu fiél escudeiro e montados em seus belos cavalos, que liquidavam monstros e inimigos em batalhas sangrentas, por Deus e pelo amor de uma donzela; a sátira desses pontos fica explícita no livro, sendo os cavaleiros fortes, em boa-forma e glamourosos substituídos por Dom Quixote (alto, velho e magro) e Sancho Pança (baixo e gordo), porém, mesmo iniciando ciente das ilusões de seu companheiro, Sancho acaba adquirindo lealdade a seu cavaleiro, acreditando em suas histórias e aventuras, por ser seduzido pelo desejo de sucesso de ganância, uma crítica a sociedade da época; os monstros e inimigos sempre remetidos a imaginações dos companheiros, quando moinhos tornavam-se gigantes e um rabanho de ovelhas acabava como inimigos com armaduras metálicas, escudos e espadas; Dulcinéia, uma robusta e simples camponesa de Toboso, a amada invocada antes de todas as "batalhas" e sendo todas as vitórias e feitos heroicos dedicados à ela, elevada à deusa (assim como existiam nas novelas) de suas aventuras. A sátira apresentada pela obra inicia quando torna-se clara a ilusão do fidalgo de que ele realmente estaria vivendo suas aventuras, sendo nomeada como uma obra inteligente, transparecendo a comédia a qualquer um.
ass: Valentina Nardin
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